A religião do Oriente Médio era ainda mais rigorosa em relação às imagens do que o Cristianismo jamais fora.A realização de imagens era terminantemente proibida. Mas a arte como tal não pode ser tão facilmentesuprimida, e os artífices do Oriente, a quem não era permitido representar seres humanos, deixaram suaimaginação jogar com padrões e formas. Criaram as mais rendilhadas e sutis ornamentações conhecidas comoarabescos. Mesmo fora dos domínios islâmicos, o mundo familiarizou-se com essas invenções através dos tapeiesorientais (fig. 95). Seitas subseqüentes entre os maometanos foram menos rigorosas em sua interpretação daproibição de imagens. Permitiram a pintura de figuras e ilustrações, desde que não tivessem relação com a religião.A ilustração de romances, histórias e fábulas, feita na Pérsia a partir do século XIV e mais tarde, também na índiasob os governantes maometanos (mongóis), mostra como os artistas dessas terras tinham aprendido muito com adisciplina que os confinara ao desenho de padrões abstratos. A cena de luar num jardim (fig. 96), inspirada numromance persa do século XV, é um perfeito exemplo dessa maravilhosa habilidade.
92. Uma recepção.
Detalhe de um relevo do túmulo de Wu-liang-ts, na província de Xantum (China), cerca de 150 d.C.
O impacto da religião sobre a arte foi ainda mais forte na China. Sabemos pouco acerca dos primórdiosda arte chinesa, exceto o fato de os chineses terem sido muito eficientes na arte de fundir o bronze desde dataremota. Nos séculos imediatamente anteriores e posteriores a Cristo, os chineses adotaram costumes fúnebresque eram, em certa medida, uma reminiscência dos egípcios; e, nessas câmaras funerárias, tal como nasegípcias, existem numerosas cenas que refletem a vida e os hábitos desses tempos longínquos (fig. 92). Osartistas eram menos aficionados das rígidas formas angulares do que os egípcios, e preferiam as curvassinuosas. Quando um artista chinês tinha que representar um cavalo curveteando, ele parecia concatená-lo a partirde uma série de formas redondas. Podemos observar o mesmo na escultura chinesa, que parece sempre enrolar-see colear sem que, no entanto, perca sua solidez e firmeza (fig. 93).Alguns dos grandes mestres da China concebiam a arte como um meio de recordar ao povo os grandesexemplos de virtude nas eras douradas do passado. Um dos primeiros rolos chineses ilustrados que forampreservados é uma coleção de grandes exemplos de senhoras virtuosas, escritos no espírito de Confúcio. Ailustração (fig. 94) mostra que o artista chinês dominara a difícil arte de representar o movimento. Nada existede rigidez nessa